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Exposição: “Retrato Popular”

Obras do acervo do Memorial da Cultura Cearense fazem parte da mostra.
 
 Retrato de Tercília da Silva, antes e depois da pintura feita pelo Mestre Julio
Um retrato pode representar uma personalidade, um estilo, a beleza e a religião como parte da cultura de um povo e a representação de pertencimento. É o recorte que pausa o tempo e oferece aos admiradores uma amostra – fictícia ou real – de um momento especial. Para celebrar esse tipo de registro, que serve tanto como um modo de preservação da história e da memória, como também da criação de uma realidade, o Sesc Belenzinho promove a exposição Retrato Popular, que abre no próximo dia 5 de maio e fica em cartaz até 31 de julho.

Sob curadoria de Rosely Nakagawa, Valeria Laena e Titus Riedl, a mostra reúne obras do acervo do Memorial da Cultura Cearense – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, de Fortaleza (CE), e de colecionadores particulares, que reconstroem a história da fotografia popular, não só por meio de suas imagens, como também pelas câmeras e artifícios utilizados desde o início do século XX.

Fazem parte da exposição coleções de monóculos, ex-votos fotográficos, câmeras de lambe-lambe, os tradicionais cavalinhos e charretes para fotografias de crianças e moldes e retratos pintados por Mestre Julio, um dos maiores nomes da fotopintura brasileira. Alguns materiais do estúdio dele, como antigas fotografias restauradas e moldes que ensinam seus aprendizes a como fazer suas pinturas, também fazem parte da mostra.


Além disso, há também fotografias, gravuras, esculturas em madeira e argila e lonas pintadas por profissionais que se dedicam ao ofício, como Tiago Santana e Tonho Ceará, ambos de Juazeiro do Norte, Luiz Santos, de Recife, e o próprio Mestre Julio, de Fortaleza. Outros registros – de fotografias, muitas de personagens anônimos – fazem parte da coleção de um dos curadores, pesquisador e professor da Universidade Regional do Cariri, Titus Riedl.

A proposta da exposição Retrato Popular é mostrar a importância dessa tradição comum em todo o Brasil, que é considerada um patrimônio da história da fotografia regional e parte relevante do registro de cidadãos de todas as classes sociais. Essa fotografia popular que, ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais rara nas feiras e passou a integrar a arte contemporânea, alcançando um status hoje considerado cult.

“A fotografia popularizou o retrato nas camadas sociais que emergiram na Revolução Industrial e se retrataram para se perpetuar como a nova classe ascendente”, diz Rosely. “Até então, apenas os nobres podiam ser retratados por um pintor que cobrava muito caro por seus serviços. Eram retratos que ostentavam a posição social e o poder do retratado por meio de roupas, adereços, objetos ao fundo (cortinas, tapetes, móveis, espelhos, etc.). A partir da descoberta do daguerreótipo, fazer um retrato ficou mais simples, necessitando apenas de uma câmera fotográfica num estúdio com iluminação adequada e um laboratório”, completa.

No Nordeste é ainda muito comum a criação de um novo contexto em torno da pessoa fotografada, que difereda realidade. Mestre Julio é o especialista nisso, que até os anos 90 utilizou tintas para suas obras, mas agora faz uso do Photoshop. Entre os retratos dele que serão exibidos estão o do médico identificado como Dr. Hermínio, que queria ter sido mecânico e pediu para ser retratado junto a alguns carros, usando uniforme e portando algumas ferramentas, e o de um menino que se veste como formando universitário e pede para que a família seja inserida na foto. Há também obras que marcam a questão da hegemonia branca e hierárquica na história brasileira, como a de Tercília da Silva, que pediu para que pintassem seus olhos na cor azul e fosse representada como uma rainha.

            

Tiago Santana é o responsável pelos flagrantes da área de peregrinação em Juazeiro do Norte, enquanto Tonho Ceará e Luiz Santos são coautores de retratos de povos nômades – indígenas, circenses, ciganos, sem-terra. As imagens tanto de Tiago, quanto de Tonho e Luiz são em preto e branco.

“Enquanto montagens visuais, incorporam uma série de arranjos anteriores e posteriores à ‘captura’ da cena em si, convidando-nos a refletir sobre as imbricações entre fato e ficção”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

Na programação ainda estão previstas oficinas, projeções e a interação do público por meio de autorretratos (as chamadas “selfies”) com o uso de celulares com câmeras, atualizando o conceito de retrato popular. Para isso, foi especialmente criado um cenário que reproduz o ambiente de uma praça de uma pequena cidade do Nordeste.

Também serão promovidos encontros e workshops com a participação dos curadores e fotógrafos participantes da mostra, com exceção de Mestre Julio que, por problemas de saúde, estará impossibilitado de comparecer ao evento.


Exposição Retrato Popular
Local: Galpão do Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho – São Paulo (SP)
Ingresso: entrada gratuita
Abertura: 5 de maio (quinta-feira), às 20h 
Visitação: de 6 de maio a 31 de julho de 2016. 
Horário: de terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h30.
Mais informações: (11) 2076-9700 ou  www.sescsp.org.br/belenzinho

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