A câmera capaz de fotografar em gigapixels.
Revelado nesta quinta-feira,
na edição da revista Nature uma “supercâmara” fotográfica capaz de captar imagens de um gigapixel.
A AWARE-2 integra 98 microcâmaras, dispostas de forma esférica à volta de uma lente objectiva central (DR) |
A AWARE-2 não é a primeira máquina a fazê-lo. Mas este invento da equipe liderada por David Brady, financiado pela Agência de Defesa para Projectos de Investigação Avançada dos Estados Unidos (DARPA), que reúne cientistas das universidade de Duke e do Arizona, traz uma novidade importante em relação às suas predecessoras: é que se trata de uma máquina compacta. Esta diferença abre a porta do mercado de câmaras de uso pessoal a máquinas com resoluções muito superiores às actuais.
A resolução das câmaras comercializadas hoje em dia mede-se em megapixéis (entre oito e 40). Com esta inovação podem passar a medir-se em gigapixéis, uma unidade de medida mil vezes superior. Os pixéis são os “pontos” que, juntos, compõem uma imagem – quanto mais pixéis tem uma fotografia, maior é a sua resolução. Um gigapixel são mil milhões de “pontos”, quando uma imagem considerada actualmente de boa resolução tem “apenas” 40 milhões.
O grande obstáculo é, para já, a dimensão: a AWARE-2 ainda mede 75x75x50 centímetros. No entanto, apenas 3% desse espaço é ocupado pelo sistema óptico. O desafio está em reduzir o circuito electrónico integrado, assim como o espaço necessário para dissipar o calor que produz.
O desafio é tanto prático, com vista à mobilidade da máquina, como fundamental para o preço final, caso a tecnologia venha a ser comercializada (como é intenção da equipa que a desenvolveu). Se de facto a electrónica se tornar mais eficiente e compacta, esta nova geração de câmaras tem “o potencial de transformar a natureza da fotografia”, escreve a Nature na apresentação do trabalho, dizendo que o mais importante deixará de ser o enquadramento para passar a ser a possibilidade de extrair o máximo de informação de uma imagem.
Numa das fotografias que servem de exemplo no artigo publicado na revista, vê-se o lago Pungo, na Carolina do Norte. A princípio, não se vêem quaisquer aves no horizonte. Contudo, ampliações de cinco pormenores permitem distinguir claramente grupos de cisnes, tanto a voar onde não parecia haver mais do que ar, como a boiar onde aparentemente existia apenas água. Num outro exemplo, revelam-se pormenores da fotografia de um bairro, nos quais é possível ver a matrícula de um carro em segundo plano e pessoas escondidas pela perspectiva em terceiro e quarto planos.
Para conseguir uma imagem com tão alta resolução, a AWARE-2 integra 98 microcâmaras, cada uma com 14 megapixéis, dispostas de forma esférica à volta de uma lente objectiva central. Desta maneira, é possível aumentar virtualmente o plano focal. Cada microcâmara ajusta-se de forma independente – o foco, o tempo de exposição e a qualidade da imagem pode diferir entre elas. Assim ocorre também com a escala das fotografias feitas por cada uma das microcâmaras, que são ajustadas para se fundirem numa única imagem de grande definição.
A AWARE-2 está preparada para integrar um máximo de 220 microcâmaras. Quando este é o caso, as imagens produzidas podem ter três gigapixéis – que acabam por ficar reduzidos a dois gigapixéis, depois de todas as imagens serem sobrepostas e as zonas com iluminação limitada serem removidas. Mas a câmara tem o potencial de capturar até 50 gigapixéis de dados.
Fonte: Público.pt , por Hugo Torres.
E no futuro, pessoas tirarão fotos de 1 gigapixel tomando banho de tonel em cima da laje para postar no Orkut.
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