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Sebastião Salgado afirma que fotografia digital é melhor que analógica.

De férias em sua casa de Vitória ES, após uma passagem pela Amazônia e prestes a receber um prêmio do governo do estado, Sebastião Salgado concedeu entrevista ao Jornalista Vitor Lopes do jornal A Gazeta.

Na entrevista Salgado fala sobre seu atual projeto “Genesis”, que deve ser concluído em 2011, no qual revela sua preocupação com a natureza e a fascinante experiência de conviver com tribos primitivas em pleno século XXI.

Para os fotógrafos de plantão que gostam de uma boa discussão, Salgado declara: ”Eu reaprendi a fotografia. A digital me facilitou a vida. Estou usando uma Canon EOS-1Ds Mark III, que é fabulosa.”

Acompanhe o trecho onde Sebastião Salgado fala de fotografia digital:

Você disse que algumas etapas do "Genesis" vão para a internet. Como você lida com esse ambiente?
É complicado para mim. Te juro. Voltando desde a base... Faz um ano que eu fotografo com câmera digital... Até então era com negativo. Agora, minha imagem passa a ser um conceito, que está ali dentro transformado em ondas magnéticas. Eu tenho um telefone novo com internet. Eu fui mexendo, fui no Google, coloquei meu nome e cliquei em imagens. Minhas fotos entraram dentro do meu telefone. Pronto! Eu não sei fazer outra vez, mas fui brincando até chegar lá. Isso é fascinante, mas é muito difícil para uma pessoa que trabalhou sempre com um produto resultado da química, que é o filme, passar a usar um produto resultado da física.

O que fez você passar a usar tecnologia digital?
O mundo depois do 11 de Setembro virou um drama para os fotógrafos. Nós usávamos filmes e tínhamos os raios-x nos aeroportos. Eu vinha de Sumatra no ano passado, no mês de abril. Passamos por sete controles de aeroportos com 600 rolos de filme. Tive problemas em vários deles. Não adiantava mostrar para eles as cartas da Kodak, dos governos... Eu reaprendi a fotografia. A digital me facilitou a vida. Estou usando uma Canon EOS-1Ds Mark III, que é fabulosa.

É um susto para muita gente ver você falando que a digital é melhor...
É melhor mesmo. Os químicos não existem mais. Tive que fazer os bons químicos até um ano e pouco atrás. Para conseguirmos papel para as cópias de leitura, tínhamos que trazer de Tóquio! Os filmes foram caindo de qualidade. E a qualidade que eu tinha em um 35mm anos atrás eu não tenho mais no médio formato agora.

Com a popularização das digitais, mudou a relação da sociedade com a imagem?
Nada. Absolutamente nada. O número de fotógrafos não aumentou, não melhorou e não piorou. Você só mudou a base, exclusivamente a base. O problema é de sensibilidade e identificação com a profissão, de saber se é fotógrafo ou não.

A câmera digital altera a questão da memória?
Acho que não. A fotografia, na realidade, é a memória da sociedade. São cortes representativos, são momentos que você faz da sociedade. É a verdadeira linguagem universal. A maneira de escrever cada um tem a sua, com uma vantagem para a fotografia. Ela não precisa de tradução. É realmente uma linguagem fabulosa.

Leia a entrevista na integra no jornal A Gazeta.

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