Exposição Impermanência, da artista Sylvia Diez.
Obra da artista e performer Sylvia Diez (brasileira radicada na Suiça), entra em cartaz a partir de 10 de junho no espaço oPHicina, em São Paulo.
IMPERMANÊNCIA
"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”
(Hannah Arendt)
A condição humana expressada na essência dos sentimentos, no desapego e no sentimento inconsciente e consciente de abandono: este é o ponto de partida de IMPERMANÊNCIA, trabalho da artista visual e performer brasileira Sylvia Diez. Com fotografia, vídeo, instalação e performance, a exposição individual entra em cartaz a partir de 10 de junho (segunda-feira) na Galeria espaço opHicina.
Com curadoria de Lucrécia Couso, a série IMPERMANÊNCIA reflete a vida da artista após o acidente de sua mãe. Em 1989, teve seu primeiro contato com a efemeridade da vida, aquilo que escapa. Desta memória afetiva, transpõe para a arte o movimento de refazer uma situação, como forma de desfazer ciclos de morte e de abandono. “Ao longo da criação de Impermanência, fui aceitando que levava uma culpa que eu mesma havia plantado em mim. As minhas barreiras foram se desfazendo e me deram uma nova oportunidade de me relacionar com a minha família, a entender que o amor é uma troca. Aceitei que nascemos e morremos todos os dias”, verbaliza Sylvia Diez.
Durante a trajetória de apresentação de IMPERMANÊNCIA, o espectador terá contato com diversas etapas do processo criativo e da vida de Sylvia Diez. “Mi Renacimiento” é uma instalação, idealizada durante a estadia da artista em Barcelona. Com fotografias no formato 35 mm que representa o ato da gestação, o público, ao caminhar sob as fotos protegidas por grades no chão de 6 metros, ouve trechos do poema de autoria de Diez, sobre se entregar a morte.
A obra “O Lençol de 1989” é uma fotografia em PB em que a artista registra a mãe no local do acidente. Em outro momento, “Perdão”, corresponde a uma série de 04 imagens (PB) em que, sentada em um banco no jardim de sua residência, Sylvia traja em seu corpo um vestido usado pela mãe durante a infância da artista.
Utilizando a técnica de autorretrato como escrita de si própria e libertação na expressão, o trabalho de Sylvia Diez inscreve-se no instante único da ideia. Cada imagem, vídeo ou poema se impregna da intensidade do momento para se realizar. Não há um longo período de gestação da obra. Ela existe enquanto reflexo do estado de espírito e das emoções. Para a artista, a criação corresponde às suas vivências, histórias e seus questionamentos. Neste sentido, não se trata, como é de costume no autorretrato, de uma representação de si (tal processo só ocorre após a leitura da obra feita pelo espectador), mas, antes, de inscrever na fugacidade do tempo, em seu jogo de impermanência, as dores, as alegrias, as complexidades e os sentidos (ou a falta) da vida humana.
“O que a autora propõe, ao realizar este trabalho, é um mergulho vertiginoso na criação pela mão do outro, com controle superficial da artista, mas com controle total na apresentação da obra. A fotografia autoral, feita pelo “outro”, se desloca da parede e desce sob nossos pés, nos obrigando a incomodar com ela, a passar por ela, sobre ela, generosamente à força”, reflete a curadora, Lucrécia Couso, sobre o uso da fotografia autoral no processo de Sylvia Diez em seu projeto “Mi Renacimiento”.
Para verbalizar imageticamente estes estados poéticos, Diez utiliza, na maioria dos projetos, fotografia em médio formato com utilização de filmes P&B 120mm e, raramente, os modos de produção digital. O caráter de cena produzida, enquanto espetáculo, é dispensado em detrimento da captação do estado emocional e das sensações da artista.
Constantes em sua estética, a nudez e a questão da mulher aparecem como um desejo em evocar o duplo do corpo, a sua fragilidade e sua força. O feminino e suas sombras contextualizam o signo da gestação, da criação, do nascimento e da morte. O corpo torna-se, então, uma entrega inexorável e um ato de coragem da artista para evocar a condição humana no instante da obra e da impermanência.
SYLVIA DIEZ
(Sylvia Christina Diez, São Paulo, 1983)
Sylvia Diez é artista visual e performer. Sua pesquisa desvela-se nas fronteiras da fotografia com a performance e apresenta autorretratos em que busca a fragilidade-força do sentimento humano. Em 2003, iniciou os estudos em Fotografia na Faculdade de Comunicação e Artes do SENAC (São Paulo); em 2009, concluiu o Master em Fotografia Autoral e Criação de Projetos na I Escola de La Imatge, IDEP (Barcelona).
Nos últimos três anos, expôs em São Paulo, no Conjunto Nacional, na Casa das Rosas e na Galeria Espaço opHicina; em Salvador, no Instituto Cultural Brasil Alemanha e na Biblioteca Pública de Barris; e em Sabadell (Espanha), na Galeria Sis.
www.sylviadiez.com
O Espaço opHicina é reconhecido por desenvolver, desde 1996, um trabalho especializado em montagem de obras de arte, utilizando, exclusivamente, materiais de pH neutro para preservar sua integridade. Cria, coordena e desenvolve projetos para empresas, museus, galerias, centros culturais, artistas, arquitetos e designers, desde portfólios personalizados até desenho e montagem completos de uma exposição. Em 2006, também passou a comercializar fotografias autorais, numeradas e assinadas.
www.espaco-ophicina.com.br
Exposição Impermanência, da artista Sylvia Diez
Curadora: Lucrécia Couso
Onde: Espaço opHicina,
Rua Teodoro Sampaio, 1109 – São Paulo (próximo à Praça Benedito Calixto)
Vernissage: 8 de junho (sábado), das 16h às 20h. Somente para convidados.
Exposição de 10 de junho (segunda-feira) a 10 de agosto (sábado) de 2013.
Segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 10h às 14h.
Entrada gratuita.
Infos:
Tel. (11) 3813.8466 / (11) 3813.9712
www.espaco-ophicina.com.br
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