quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Conheça os fotógrafos vencedores do Prêmio Brasil Fotografia.

 Conheça melhor os vencedores  do Prêmio Brasil de Fotografia e seus trabalhos.

O tradicional Prêmio Porto Seguro de Fotografia mudou de nome, agora chamado Prêmio Brasil Fotografia na edição 2012  foram selecionados e premiados oito fotógrafos que com seus trabalhos formam uma pequena,  mas representativa, mostra da produção fotográfica contemporânea brasileira.


Sobre os premiados:

M i g u e l  C h i k a o k a
Prêmio  Brasil - Fotografia Especial

Nascido em 1950, em Registro (SP), Miguel Chikaoka se formou em Engenharia na Unicamp, depois morou um período na França, e finalmente se instalou, no início dos anos 1980, em Belém (PA). A essa altura, o engenheiro já havia sido substituído por um fotojornalista idealista e combatente.
Em 1984, Chikaoka fundou a Associação Fotoativa, revelando então seu perfil de exímio educador. Nesses 28 anos de atividade, a Fotoativa se tornou referência nacional no aprendizado e na difusão da fotografia como prática de uma linguagem sensível.
Ao incorporar em seus projetos didáticos processos artesanais de construção de imagens, Chikaoka estimula sensorialmente seus alunos e incorpora o lúdico como estratégia para “desautomatizar” o olhar e a percepção.
A observação do entorno como forma de desenvolver tanto o ser político quanto o ser poético. A fotografia como forma de ativar a consciência do seu tempo e a autoestima. Eis aí o papel revolucionário que um educador pode exercer.
Há tempos Chikaoka incorporou em sua produção autoral como fotógrafo a mediação entre o mundo, as pessoas e a representação. Num trabalho que ele opta por chamar de "relacional", obras como Urublues, aqui exposta, são a resultante de um processo que começa com o estímulo que ele causa num grupo de fotógrafos emergentes e termina numa obra que incorpora diversos pontos de vista, as falhas, os acertos, as incertezas do caminho e a poética do encontro de olhares, tão díspares quanto ávidos pela criação de sentidos.
A obra Loading... tensiona de forma perspicaz as estratégias artesanais e sensoriais que Chikaoka  evoca em suas ações, criando ainda uma ironia com a palavra que passou a integrar nosso cotidiano cada vez que baixamos programas na Internet. "Loading... é a palavra que define muito bem a minha ação dentro das estratégias didáticas que crio", comenta Chikaoka.
A fotoescultura Hagakure e as quatro fotografias de nuvens e árvores presentes nessa mostra, que homenageia a trajetória de Chikaoka, pontuam tanto sua conexão com a cultura oriental quanto a influência da região amazônica em seu trabalho. Hagakure é uma espécie de "harakiri para fotógrafos" onde imagens dos olhos do próprio artista são perfuradas por espinhos da palmeira Tucumã. Nas palavras do artista e curador Orlando Maneschy, "o ato de atravessar a película, furar a ‘menina dos olhos’, de dentro para fora, pode remeter ao ritual do harakiri, que além de ser um ato de recuperação de honra é, ainda, um ato de lealdade para com seu senhor; mas, aqui, o ato pode ser encarado como uma entrega total à experiência de enxergar, como se, ao atravessar os olhos da imagem com o espinho, Chikaoka libertasse seu olhar para ver além".
Eder Chiodetto


Fá b i o M e s s i a s
Prêmio Brasil Fotografia


Essa luz sobre o jardim

Minha avó faleceu no dia 30 de setembro de 2011, com 85 anos.
Viveu os últimos 8 anos acometida pelo mal de Alzheimer. Dificilmente consegui enfrentar a sua dor aparente e sua angustiante situação para fotografá-la.
Em determinado momento passei a imaginar que sua consciência, desconectando-se e se desconstruindo à minha frente, podia vagar livremente pela casa, sobrevoando seus cômodos preferidos, fazendo-se presente nas situações das quais permanecia alheia fisicamente, viajando através de lapsos de tempo, atrás de memórias e fotografias apaziguadoras e vendo o menino Miguel, seu primeiro bisneto, brincando pela casa.


L e t í c i a R a m o s
Prêmio Brasil Fotografia - Pesquisas Contemporâneas

Polar

Os meus trabalhos artísticos se localizam no tênue limite entre arte, cinema e arquitetura. Baseiam-se nas pesquisas sobre a representação da paisagem, a formação da imagem e as tecnologias de registro do movimento. Há sempre uma questão principal que me coloco: como parar o tempo? Como ter múltiplas vistas do mesmo instante? Como representar este espaço fragmentado e simultâneo?
Ao investigar a paisagem e suas formas de representação fotográfica, deparo-me com inventos, inventores, projetos ópticos, desenhos de observação, mapas imaginários e diários científicos.
É neste contexto que localizo esta pesquisa artística e fotográfica.
O ensaio Polar, primeiro da série Atlas Extraordinário, é inspirado pela Escala de Beaufort e suas peculiares descrições visuais do efeito dos ventos sobre a terra e o mar. Para desenvolvê-lo, construí uma câmera própria para a realização de filmes. O equipamento foi baseado na pesquisa imagética dos primeiros submarinos de madeira, nas primeiras explorações polares e na tecnologia Polaroid. A partir de três câmeras polaróides lupa 6 utilizadas para retratos instantâneos 3x4, construí a câmera dos ventos com o objetivo de registrar a paisagem ártica. Esta pesquisa, que envolveu técnica fotográfica, ciência e literatura, deu origem à publicação de um livro pré-viagem. Em tom ficcional, ele documenta a história de um explorador e seu invento. Em outubro de 2011, parti finalmente para a viagem “real” a bordo de um veleiro em direção ao Pólo Norte.
No Ártico, cada tomada feita com a câmera construída por mim foi realizada diversas vezes frente a uma mesma paisagem polar. Como a câmera possui seis lentes, cada papel fotográfico é composto por seis imagens aparentemente iguais. Tendo como base a técnica do Stop Motion, as fotografias foram digitalizadas, os seus seis quadros recortados um a um, numerados e colocados em sequência, sem alinhar o centro visual da imagem. O resultado são cenas em movimento geradas pelos diferentes pontos de vista (diferença de paralaxe) em relação à paisagem e não pela passagem do tempo.
As dificuldades climáticas da região, assim como o tipo de câmera utilizado na expedição artística, aproximam as fotografias da “pintura de paisagem”. O químico congelado pelos -16º de extremas temperaturas elevou o tempo de revelação, antes instantânea, suprimindo detalhes, produzindo distorções cromáticas e formais na paisagem fotográfica.
Estes “falsos” movimento e cor da paisagem imprimem outro tempo técnico e estético para a imagem, reforçando seu caráter ficcional.



C a r l o s  D a d o o r i a n
Prêmio Brasil Fotografia - Pesquisas Contemporâneas


Parabéns, São Paulo/Oratório
Parabéns, São Paulo
Ali, embaixo do mesmo céu, três milhões de pessoas se orgulham de ter a maior Parada Gay do mundo. Ali, alguns levam porrada por serem o que outros não aceitam que sejam. Intolerância. Ali, não se pode beijar, abraçar ou andar de mãos dadas. Intolerância. Ali existe a guerra diária de não sabermos se passaremos ilesos a algum ataque. Ali, naquele barulho do vai e vem de milhões, existe o silêncio da impunidade, da tolerância, da intolerância... Ali, onde todas as nacionalidades se cruzam existe intolerância. Intoleranz. E impunidade.
Não se pode esquecer os rótulos que já mataram tantos, feriram muitos e ainda estão por aí, na espreita, esperando uma vítima qualquer. A história se repete. E a impunidade também.
O “Parabéns “ foi para São Paulo, onde uma inesperada e crescente intolerância por parte de determinados grupos sociais com as pessoas da comunidade gay da cidade vem acontecendo. Mas poderia ser para qualquer lugar em que práticas de intolerância são manifestadas todos os dias. Seja a intolerância religiosa, cultural ou mesmo a intolerância à orientação sexual.
A instalação é feita com a técnica de lambe-lambe. A obra é composta por 47 imagens captadas de vídeos oriundos da internet sobre ataques a homossexuais ocorridos na cidade de São Paulo. Copiadas centenas de vezes e impressas em papel sulfite, essas imagens são expostas num espaço fechado com uma cortina preta e iluminado por uma lâmpada fluorescente, que fica no meio da sala. A lâmpada faz referência ao ataque em que foi usada como arma e tem por objetivo projetar as sombras dos visitantes nas paredes. As imagens cobrem todos os espaços: paredes, teto e chão, por isso as pessoas entram no ambiente descalças. A edição/reordenação das imagens expostas, mais que uma simples apropriação, representa uma manifestação de solidariedade às vítimas, além de parceria com os autores dos vídeos.
Oratório
A obra lembra a “classificação” dada pelos nazistas às pessoas que iam para os campos de concentração. Os judeus eram identificados por uma estrela de David amarela; os homossexuais, por um triângulo rosa cravado no peito de seus uniformes. As consequências dentro dos próprios campos são fatos conhecidos de todos: Intolerância.
O Genocídio Armênio, ainda não reconhecido pela história, é sublinhado no vídeo pela música Lillaby (Canção de Ninar), composta por Khachatour Avétissian em homenagem aos mortos neste conflito.
O vídeo foi produzido em 2011, tem 3’42’’ e é realizado com fotografias e trechos de filmes apropriados da Internet. A obra faz menção às agressões a gays, aos homossexuais presos em campos de concentração e ao genocídio armênio.

N a t a l i e  L a u f e r  S a l a z a r
Prêmio Brasil - Fotografiarevelação

Série

50950 é o número de série que minha avó materna tem marcado no braço esquerdo. Como judia polonesa, foi presa com toda a sua família no campo de concentração e extermínio de Auschwitz.                                                                                                                       
Única sobrevivente do núcleo da família Saper, após ser solta de Auschwitz, reencontrou um jovem da mesma cidade, nos campos de refugiados da Alemanha.  Na Alemanha, nasceu a primeira filha deles, minha mãe. Os três vieram para o Brasil. Aqui, eles construíram uma vida, uma família.                                                                                                                               O número 50950 não está somente vivo na minha memória de infância ou nas histórias e fatos que pesquiso e leio atualmente! Ele está no nosso sangue, no DNA de dois filhos, quatro netos e seis bisnetos.                                                                                             
Essa marca é mantida, repassada, lembrada. Como uma tatuagem invisível, mas perceptível, permeia as escolhas e os caminhos da nossa família!                                   Talvez em cinco anos, não haja mais sobreviventes do Holocausto, mas o número 50950 continuará vivo, pulsando, inesquecível, ocupando todos os espaços, para sempre!


D a i s u k e  I t o
Menção - Prêmio Brasilfotografia


Losolmo Gym

Losolmo Gym está localizada na segunda maior cidade de Cuba, Santiago de Cuba. Os meninos, aqui, treinam descalços, vestidos com pouco mais que trapos.
O equipamento é decrépito. O piso do ringue de boxe está cheio de remendos desiguais, as cordas estão desgastadas e há apenas um equipamento para a prática do esporte. Ainda assim, a academia já produziu quatro campeões olímpicos. Cada um desses meninos pobres cubanos tem o sonho de se tornar um campeão. Eu acho que isso não é pelo dinheiro, nem mesmo pela fama. Para esses meninos, ser um boxeador é o pináculo nobre e heróico da aspiração humana.


F e c o  H a m b u r g e r
Menção - Prêmio Brasil Fotografia


Pulmão-frame
Cavernas - Pulmão
O projeto Cavernas investiga a relação entre espectador e obra na constituição do significado. Discute a representação imagética da fotografia e propõe uma experiência sensorial na exploração da obra. Latência e revelação. Potencialidade e significação na relação entre espectador, obra e luz. Tempo e movimento.
A obra Pulmão – primeira resultante da pesquisa - é uma vídeo-animação digital de uma mesma fotografia em diferentes interpretações de contraste. A variação linear e gradual da curva de contraste produz imagens sucessivas que, animadas em 24 quadros por segundo, e em modo loop, trazem a sensação de um movimento cíclico. Expansão e contração, deslumbramento e ocultação.
No espaço expositivo um fone de ouvido isola o som ambiente, favorecendo a percepção do espectador de sua própria respiração, criando tensão entre a imagem e o ritmo do corpo.

2009
Pulmão
Vídeo-animação digital de uma fotografia em diferentes interpretações de contraste.
Duração 1’11 modo loopaspect ratio 4:3.
Monitor 29''(resolução 1600×1200) + computador com Quick Time Player ou equivalente + fone de ouvido com noisecancelling para isolamento acústico.


P a u l o  P e r e i r a
Menção - Prêmio Brasil Fotografia

Corpo de Passagem

Debruçado sobre uma cerimônia de origem afro-brasileira, o autor apóia na figura de Exu para pôr em questão a corporeidade dos seres que ali surgem.
Com o foco da pesquisa alternando-se entre o documento e o vivenciar, o autor aprofunda-se no que mais o seduz: a doação dos corpos, o esvaziamento da psique, a fuga do cotidiano… O uso do corpo para a experiência do encantado.
Exu: Ser mediúnico imagético. Comunicação, transferência, movimento.
A transformação do corpo pela entidade que se manifesta. Imaterial que se apossa da matéria.
Técnica: fotografia digital, cor, impressão jato de tinta sobre papel de algodão. 


Serviço:
Prêmio Brasil Fotografia 2012

Exposição aberta ao público

de 3 de agosto a 30 de setembro de 2012

de terça a domingo, das 10h às 17h

Acessibilidade a portadores de necessidades especiais

 
Espaço Cultural Porto Seguro

Avenida Rio Branco, 1489 - Campos Elíseos

www.portoseguro.com.br/fotografia

 
Visitas mediadas à exposição

Agendamento 11.33375880 – agendamento@premiobrasilfotografia.com.br 
 

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