Conheça melhor os vencedores do Prêmio Brasil de Fotografia e seus trabalhos.
O tradicional Prêmio Porto
Seguro de Fotografia mudou de nome, agora chamado Prêmio Brasil
Fotografia na
edição 2012 foram
selecionados e premiados oito fotógrafos que com seus trabalhos formam
uma pequena, mas representativa, mostra da produção fotográfica
contemporânea brasileira.
Sobre os premiados:
M i g u e l C h i k a o k a
Nascido em 1950, em
Registro (SP), Miguel Chikaoka se formou em Engenharia na Unicamp, depois morou
um período na França, e finalmente se instalou, no início dos anos 1980, em
Belém (PA). A essa altura, o engenheiro já havia sido substituído por um
fotojornalista idealista e combatente.
Em 1984, Chikaoka fundou a
Associação Fotoativa, revelando então seu perfil de exímio educador. Nesses 28
anos de atividade, a Fotoativa se tornou referência nacional no aprendizado e
na difusão da fotografia como prática de uma linguagem sensível.
Ao incorporar em seus
projetos didáticos processos artesanais de construção de imagens, Chikaoka
estimula sensorialmente seus alunos e incorpora o lúdico como estratégia para
“desautomatizar” o olhar e a percepção.
A observação do entorno
como forma de desenvolver tanto o ser político quanto o ser poético. A
fotografia como forma de ativar a consciência do seu tempo e a autoestima. Eis
aí o papel revolucionário que um educador pode exercer.
Há tempos Chikaoka
incorporou em sua produção autoral como fotógrafo a mediação entre o mundo, as
pessoas e a representação. Num trabalho que ele opta por chamar de
"relacional", obras como Urublues,
aqui exposta, são a resultante de um processo que começa com o estímulo que ele
causa num grupo de fotógrafos emergentes e termina numa obra que incorpora
diversos pontos de vista, as falhas, os acertos, as incertezas do caminho e a
poética do encontro de olhares, tão díspares quanto ávidos pela criação de
sentidos.
A obra Loading... tensiona de forma perspicaz as
estratégias artesanais e sensoriais que Chikaoka evoca em suas ações,
criando ainda uma ironia com a palavra que passou a integrar nosso cotidiano
cada vez que baixamos programas na Internet. "Loading... é a palavra que define muito bem a minha ação
dentro das estratégias didáticas que crio", comenta Chikaoka.
A fotoescultura Hagakure e as quatro fotografias de nuvens
e árvores presentes nessa mostra, que homenageia a trajetória de Chikaoka,
pontuam tanto sua conexão com a cultura oriental quanto a influência da região
amazônica em seu trabalho. Hagakure
é uma espécie de "harakiri
para fotógrafos" onde imagens dos olhos do próprio artista são perfuradas
por espinhos da palmeira Tucumã. Nas palavras do artista e curador Orlando
Maneschy, "o ato de atravessar a película, furar a ‘menina dos
olhos’, de dentro para fora, pode remeter ao ritual do harakiri, que além de ser um ato de recuperação
de honra é, ainda, um ato de lealdade para com seu senhor; mas, aqui, o ato
pode ser encarado como uma entrega total à experiência de enxergar, como se, ao
atravessar os olhos da imagem com o espinho, Chikaoka libertasse seu olhar para
ver além".
Fá b i o M e s s i a s
Prêmio Brasil Fotografia
Essa luz sobre o
jardim
Minha avó faleceu no dia 30 de
setembro de 2011, com 85 anos.
Viveu os últimos 8 anos acometida
pelo mal de Alzheimer. Dificilmente consegui enfrentar a sua dor aparente e sua
angustiante situação para fotografá-la.
Em determinado momento passei a
imaginar que sua consciência, desconectando-se e se desconstruindo à minha
frente, podia vagar livremente pela casa, sobrevoando seus cômodos preferidos,
fazendo-se presente nas situações das quais permanecia alheia fisicamente,
viajando através de lapsos de tempo, atrás de memórias e fotografias
apaziguadoras e vendo o menino Miguel, seu primeiro bisneto, brincando pela
casa.
L e t í c i a R a m o s
Prêmio Brasil Fotografia - Pesquisas Contemporâneas
Prêmio Brasil Fotografia - Pesquisas Contemporâneas
Polar
Os meus trabalhos artísticos se
localizam no tênue limite entre arte, cinema e arquitetura. Baseiam-se nas
pesquisas sobre a representação da paisagem, a formação da imagem e as
tecnologias de registro do movimento. Há sempre uma questão principal que me
coloco: como parar o tempo? Como ter múltiplas vistas do mesmo instante? Como
representar este espaço fragmentado e simultâneo?
Ao investigar a paisagem e suas
formas de representação fotográfica, deparo-me com inventos, inventores,
projetos ópticos, desenhos de observação, mapas imaginários e diários
científicos.
É neste contexto que localizo esta
pesquisa artística e fotográfica.
O ensaio Polar, primeiro da série
Atlas Extraordinário, é inspirado pela Escala de Beaufort e suas peculiares descrições visuais do efeito dos
ventos sobre a terra e o mar. Para desenvolvê-lo, construí uma câmera própria
para a realização de filmes. O equipamento foi baseado na pesquisa imagética
dos primeiros submarinos de madeira, nas primeiras explorações polares e na
tecnologia Polaroid. A partir de três câmeras polaróides lupa 6 utilizadas para
retratos instantâneos 3x4, construí a câmera dos ventos com o objetivo de registrar
a paisagem ártica. Esta pesquisa, que envolveu técnica fotográfica, ciência e
literatura, deu origem à publicação de um livro pré-viagem. Em tom ficcional,
ele documenta a história de um explorador e seu invento. Em outubro de 2011,
parti finalmente para a viagem “real” a bordo de um veleiro em
direção ao Pólo Norte.
No Ártico, cada tomada feita com a
câmera construída por mim foi realizada diversas vezes frente a uma mesma
paisagem polar. Como a câmera possui seis lentes, cada papel fotográfico é
composto por seis imagens aparentemente iguais. Tendo como base a técnica do Stop Motion, as fotografias foram
digitalizadas, os seus seis quadros recortados um a um, numerados e colocados
em sequência, sem alinhar o centro visual da imagem. O resultado são cenas em
movimento geradas pelos diferentes pontos de vista (diferença de paralaxe) em
relação à paisagem e não pela passagem do tempo.
As dificuldades climáticas da
região, assim como o tipo de câmera utilizado na expedição artística, aproximam
as fotografias da “pintura de paisagem”. O químico congelado pelos
-16º de extremas temperaturas elevou o tempo de revelação, antes instantânea,
suprimindo detalhes, produzindo distorções cromáticas e formais na paisagem
fotográfica.
Estes “falsos”
movimento e cor da paisagem imprimem outro tempo técnico e estético para a
imagem, reforçando seu caráter ficcional.
C a r l o s D a d o o r i a n
Prêmio Brasil Fotografia - Pesquisas Contemporâneas
Parabéns,
São Paulo/Oratório
Parabéns, São Paulo
Ali, embaixo do mesmo céu,
três milhões de pessoas se orgulham de ter a maior Parada Gay do mundo. Ali, alguns levam porrada por serem o
que outros não aceitam que sejam. Intolerância. Ali, não se pode beijar,
abraçar ou andar de mãos dadas. Intolerância. Ali existe a guerra diária de não
sabermos se passaremos ilesos a algum ataque. Ali, naquele barulho do vai e vem
de milhões, existe o silêncio da impunidade, da tolerância, da intolerância...
Ali, onde todas as nacionalidades se cruzam existe intolerância. Intoleranz. E
impunidade.
Não se pode esquecer os
rótulos que já mataram tantos, feriram muitos e ainda estão por aí, na
espreita, esperando uma vítima qualquer. A história se repete. E a impunidade
também.
O “Parabéns “
foi para São Paulo, onde uma inesperada e crescente intolerância por parte de
determinados grupos sociais com as pessoas da comunidade gay da cidade vem acontecendo. Mas poderia
ser para qualquer lugar em que práticas de intolerância são manifestadas todos
os dias. Seja a intolerância religiosa, cultural ou mesmo a intolerância à
orientação sexual.
A instalação é feita com a
técnica de lambe-lambe. A obra é composta por 47 imagens captadas de vídeos
oriundos da internet sobre ataques a homossexuais ocorridos na cidade de São
Paulo. Copiadas centenas de vezes e impressas em papel sulfite, essas imagens
são expostas num espaço fechado com uma cortina preta e iluminado por uma
lâmpada fluorescente, que fica no meio da sala. A lâmpada faz referência ao
ataque em que foi usada como arma e tem por objetivo projetar as sombras dos
visitantes nas paredes. As imagens cobrem todos os espaços: paredes, teto e
chão, por isso as pessoas entram no ambiente descalças. A edição/reordenação
das imagens expostas, mais que uma simples apropriação, representa uma
manifestação de solidariedade às vítimas, além de parceria com os autores dos
vídeos.
Oratório
A obra lembra a
“classificação” dada pelos nazistas às pessoas que iam para os
campos de concentração. Os judeus eram identificados por uma estrela de David
amarela; os homossexuais, por um triângulo rosa cravado no peito de seus
uniformes. As consequências dentro dos próprios campos são fatos conhecidos de
todos: Intolerância.
O Genocídio Armênio, ainda
não reconhecido pela história, é sublinhado no vídeo pela música Lillaby (Canção
de Ninar), composta por Khachatour Avétissian em homenagem aos mortos
neste conflito.
O vídeo foi produzido em
2011, tem 3’42’’ e é realizado com fotografias e trechos de
filmes apropriados da Internet. A obra faz menção às agressões a gays, aos homossexuais presos em campos de
concentração e ao genocídio armênio.
N a t a l i e L a u f e r S a l a z a r
Prêmio Brasil - Fotografiarevelação
Série
50950 é o número de série que
minha avó materna tem marcado no braço esquerdo. Como judia polonesa, foi presa
com toda a sua família no campo de concentração e extermínio de
Auschwitz.
Única
sobrevivente do núcleo da
família Saper, após ser solta de Auschwitz, reencontrou um jovem da
mesma
cidade, nos campos de refugiados da Alemanha. Na Alemanha, nasceu a
primeira filha deles, minha mãe. Os três vieram para o Brasil. Aqui,
eles
construíram uma vida, uma
família.
O
número 50950 não está somente vivo na minha memória de infância ou nas
histórias e fatos que pesquiso e leio atualmente! Ele está no nosso
sangue, no
DNA de dois filhos, quatro netos e seis
bisnetos.
Essa marca é mantida, repassada,
lembrada. Como uma tatuagem invisível, mas perceptível, permeia as escolhas e
os caminhos da nossa
família!
Talvez em cinco anos, não haja mais sobreviventes do Holocausto, mas o número
50950 continuará vivo, pulsando, inesquecível, ocupando todos os espaços, para
sempre!
D a i s u k e I t o
Menção - Prêmio Brasilfotografia
Losolmo Gym
Losolmo Gym está localizada na
segunda maior cidade de Cuba, Santiago de Cuba. Os meninos, aqui, treinam
descalços, vestidos com pouco mais que trapos.
O equipamento é decrépito. O piso
do ringue de boxe está cheio de remendos desiguais, as cordas estão desgastadas
e há apenas um equipamento para a prática do esporte. Ainda assim, a academia
já produziu quatro campeões olímpicos. Cada um desses meninos pobres cubanos
tem o sonho de se tornar um campeão. Eu acho que isso não é pelo dinheiro, nem
mesmo pela fama. Para esses meninos, ser um boxeador é o pináculo nobre e
heróico da aspiração humana.
F e c o H a m b u r g e r
Menção - Prêmio Brasil Fotografia
Pulmão-frame
Cavernas
- Pulmão
O projeto Cavernas
investiga a relação entre espectador e obra na constituição do significado.
Discute a representação imagética da fotografia e propõe uma experiência
sensorial na exploração da obra. Latência e revelação. Potencialidade e
significação na relação entre espectador, obra e luz. Tempo e movimento.
A obra Pulmão –
primeira resultante da pesquisa - é uma vídeo-animação digital de uma mesma
fotografia em diferentes interpretações de contraste. A variação linear e gradual
da curva de contraste produz imagens sucessivas que, animadas em 24 quadros por
segundo, e em modo loop, trazem a
sensação de um movimento cíclico. Expansão e contração, deslumbramento e
ocultação.
No espaço expositivo um
fone de ouvido isola o som ambiente, favorecendo a percepção do espectador de
sua própria respiração, criando tensão entre a imagem e o ritmo do corpo.
2009
Pulmão
Vídeo-animação digital de
uma fotografia em diferentes interpretações de contraste.
Duração 1’11 modo loop – aspect ratio 4:3.
Monitor 29''(resolução
1600×1200) + computador com Quick Time
Player ou equivalente + fone de ouvido com noisecancelling para isolamento acústico.
P a u l o P e r e i r a
Menção - Prêmio Brasil Fotografia
Corpo de Passagem
Debruçado sobre uma cerimônia de
origem afro-brasileira, o autor apóia na figura de Exu para pôr em questão a
corporeidade dos seres que ali surgem.
Com o foco da pesquisa
alternando-se entre o documento e o vivenciar, o autor aprofunda-se no que mais
o seduz: a doação dos corpos, o esvaziamento da psique, a fuga do
cotidiano… O uso do corpo para a experiência do encantado.
Exu: Ser mediúnico imagético.
Comunicação, transferência, movimento.
A transformação do corpo pela
entidade que se manifesta. Imaterial que se apossa da matéria.
Técnica: fotografia digital, cor,
impressão jato de tinta sobre papel de algodão.
Serviço:
Prêmio Brasil Fotografia 2012
Exposição aberta ao público
de 3 de agosto a 30 de setembro de 2012
de terça a domingo, das 10h às 17h
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais
Espaço Cultural Porto Seguro
Avenida Rio Branco, 1489 - Campos Elíseos
www.portoseguro.com.br/fotografia
Visitas mediadas à exposição
Agendamento 11.33375880 – agendamento@premiobrasilfotografia.com.br
Prêmio Brasil Fotografia 2012
Exposição aberta ao público
de 3 de agosto a 30 de setembro de 2012
de terça a domingo, das 10h às 17h
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais
Espaço Cultural Porto Seguro
Avenida Rio Branco, 1489 - Campos Elíseos
www.portoseguro.com.br/fotografia
Visitas mediadas à exposição
Agendamento 11.33375880 – agendamento@premiobrasilfotografia.com.br
Fonte: Assessoria de imprensa.
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